Ontem, 17/02, domingo, foi aniversário de meu amigo mais antigo, do irmão que nunca tive.
Fomos apresentados há pelo menos cinquenta anos. Penso que foi no ano de 1963, quando tinha 9 anos, mas pode ter sido um pouco antes. Isso ocorreu quando fui morar por uns tempos na casa de minha avó materna, na cidade de Barra Mansa, para estudar com uma tia que era a “professora da família”. Todos os sobrinhos passaram por seu crivo e eu não fugi à regra. Sou grato por isso também.
Estudava pela manhã em um Grupo Escolar da cidade, à tarde assistia algumas aulas em um Colégio de Padres onde minha tia era professora e, no final da tarde e aos sábados, comparecia na Escolinha da Tia Helena, que funcionava na casa dos meus avós. A sala vivia cheia com a garotada da cidade que vinha em busca de aulas de reforço com a famosa, eficaz e eficiente educadora.
Fora dos horários de estudo, meu amigo foi meu bom companheiro de aventuras e travessuras, no enorme quintal da casa dos meus avós. Nossa amizade, que se iniciou nessa época, se consolidou ao longo dos anos seguintes e temos mantido contato, sempre que possível, desde então.
Foi graças à ótima base de conhecimentos, que formei naquela época, na Escolinha da Tia Helena, que pude ser aprovado no difícil exame para estudar no Colégio Militar do Rio de Janeiro, outra ótima base para ser bem sucedido em meus futuros desafios acadêmicos, ao longo da vida. Em plena época de Beatles e Roling Stones, cortei meus cabelos com 11 anos de idade, em 1965, e lá permaneci até o final de 1971, quando entrei para a Escola Naval.
E, enquanto eu usava cabelo cortado muito curto, em um colégio só de meninos, meu amigo usava cabelos longos e estudava em colégios mistos… Maior contraste, impossível. Mais tarde, ele concluiu seus estudos em uma ótima Faculdade e seguiu uma brilhante carreira na área de Engenharia Civil.
Depois que voltei a morar com meus pais, passamos muitas férias escolares juntos, na fazenda de meu padrinho em Minas Gerais, ou nas praias de Angra dos Reis na casa de uma tia. Às vezes de novo na casa da minha avó, e às vezes na sua casa, que ficava na mesma cidade. Sua mãe me acolhia como mais um dos seus filhos, e lembro-me dela com carinho e agradecimento.
Em uma ocasião, durante algum tempo, ficamos interessados, ao mesmo tempo, pela mesma criaturinha que fazia parte do nosso grupo de amigos comuns, na sua cidade… Alguns pequenos conflitos, muitas conversas a respeito, mas nada que pudesse abalar nossa amizade. Nenhum dos dois acabou ficando com ela… Mas, lembro-me bem, que assisti ao pouso do Módulo Lunar e ao primeiro passeio do homem na Lua, evento marcante no dia 20 de julho de 1969, na TV da sala da casa dela… Faria 16 anos em poucas semanas, e estava de férias por lá…
Quando éramos universitários, conheci alguns de seus amigos e apresentei a ele praticamente todos os meus outros bons amigos e amigas, com quem também mantenho contato até hoje. Eles se conheceram e alguns deles sempre me cobram suas notícias, quando nos reencontramos. Tenho grande prazer em apresentar meus amigos e amigas uns aos outros.
Só por um breve período moramos na mesma cidade, depois de formados, quando ele viveu por algum tempo aqui no Rio de Janeiro. A maior parte do tempo temos passado em cidades diferentes. E temos nos encontrado quando ele vem ao Rio, ou quando vou a alguma das cidades onde ele vive ou trabalha.
Ontem, não fui bem sucedido nas tentativas de contatá-lo. Nenhum problema. Às vezes ficamos sem conseguir conversar por muito tempo. E a amizade continua e a vida segue seu curso.
Sou grato por isso!
Eduardo Leal
Foto de autor desconhecido